segunda-feira, 27 de março de 2017

TUBERCULOSE

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos,
não é senão uma gota de água no mar.
Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”

Madre Teresa de Calcutá

MARIA CERQUEIRA
No dia 24 de março foi assinalado o Dia Mundial da Tuberculose, este dia, foi definido em 1982 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em homenagem aos 100 anos do anúncio da descoberta do bacilo causador da tuberculose, ocorrida em 24 de março de 1882, pelo médico Robert Koch.

Há muitos anos atrás falava-se muito desta doença…hoje até se ouve pouco…no entanto, segundo um relatório divulgado pela OMS, mais de 43 milhões de vidas foram salvas no mundo por meio de diagnóstico e tratamento efetivo, entre os anos de 2006 e 2015, a tuberculose está entre as doenças infeciosas que mais mata no mundo, precedida pelo HIV/Sida (Vírus da Imunodeficiência Humana).

Em Portugal, segundo dados provisórios da Direção Geral de Saúde (DGS), a taxa de incidência (novos casos) de tuberculose, situou-se em 18 por 100 mil habitantes em 2016. Através do Programa Nacional para a Infeção HIV e Tuberculose, a DGS indica que cerca de 18% dos casos de tuberculose notificados em 2016 ocorreram em doentes nascidos fora do país.

O aumento desta proporção nos últimos anos levou o Programa Nacional a desenvolver estratégias em conjunto com o Alto Comissariado para as Migrações, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e a Organização Não Governamental (ONG) no sentido de reduzir este valor.

Em 2015, último ano com dados definitivos conhecidos, o teste HIV foi realizado em 88% dos doentes com tuberculose, dos quais 12% foram positivos. Portugal continua a ter uma das mais altas taxas de coinfecção Tuberculose/HIV da Europa Ocidental que motiva o Programa a delinear estratégias que visem o rastreio da tuberculose em populações com HIV positiva e a identificar as barreiras ao tratamento preventivo das mesmas.

Afinal o que é a tuberculose? A tuberculose é então uma doença infeciosa causada por um micróbio vulgarmente chamado “bacilo de Koch” e cujo nome é Mycobacterium tuberculosis. É uma doença contagiosa, que se transmite de pessoa para pessoa e que atinge sobretudo os pulmões. Pode também atingir outros órgãos e outras partes do nosso corpo, como os gânglios, os rins, os ossos, os intestinos e as meninges (membranas que envolvem o cérebro).

De acordo com a Fundação Portuguesa do Pulmão, a tuberculose, tem habitualmente uma apresentação clínica insidiosa, que se vai instalando sem que o doente se aperceba ou valorize os sintomas, muitas vezes pode até ser confundida com uma gripe. Dependendo, claro, da intensidade dos sintomas, esta situação pode arrastar-se ao longo de dias, semanas ou mesmo meses.

Mas, quais são os sintomas que as pessoas jamais devem desvalorizar? Cansaço excessivo e prostração, falta de apetite, emagrecimento, suor noturno e febre baixa a moderada que se apresenta mais ao fim do dia (febrícula na ordem dos 37,5º C). Podem ainda surgir outros sintomas, mas estes dependem do órgão onde se alojou o bacilo de Koch. Quando são os pulmões a ser afetados, pode ainda ocorrer episódios de tosse que se estende por mais de três semanas, com ou sem expetoração e que pode ter ou não sangue.

A transmissão da tuberculose é direta, de pessoa a pessoa e é transmitida por via aérea. O doente cada vez que fala, espirra, ri, canta ou tosse, liberta pequenas gotículas que transportam o bacilo, podendo ser aspiradas por outro indivíduo e assim se inicia a sua colonização. Os locais de contacto devem ser arejados e expostos à luz solar, pois o bacilo da tuberculose é muito sensível á ação dos raios ultravioleta. Em locais não ventilados deve-se sempre utilizar máscara.Como a transmissão não ocorre por via digestiva, genital ou cutânea não se justifica a separação da louça dos doentes.

Algumas pessoas, que fazem parte dos chamados grupos de risco, estão mais vulneráveis à contaminação da doença, tais como: portadores de doenças que debilitem o sistema imunológico (imunodeficiências), HIV, diabetes, insuficiência renal crónica, pessoas que apresentem um quadro de desnutrição, idosos doentes, fumadores e pessoas que sejam dependentes de álcool ou drogas. Por isso, algumas medidas de prevenção são fundamentais para evitar a doença, como por exemplo adquirir hábitos de vida mais saudáveis, tais como: alimentação, exercício físico principalmente ao ar livre, evitar ambientes com muitos aglomerados e com pouca ventilação, deixar hábitos tabágicos, alcoólicos e outras dependências, etc…são formas de evitar o contágio da doença”…

Não podemos deixar de falar da primeira das recomendações de prevenção, que foi durante muitos anos, a vacinação contra a tuberculose (BCG) e que era administrada até os 30 dias de nascimento, ou o mais rápido possível durante a infância. O fim da vacinação universal contra a tuberculose começou a ser discutido pelos peritos a pedido da DGS, no final de 2013, na sequência da diminuição dos novos casos da doença em Portugal. Na ausência de perigos como a elevada incidência, difícil acesso da população ao diagnóstico, tratamento e medicação preventiva, deixou de ser necessário continuar a imunização de todos os recém-nascidos e em janeiro a alteração foi votada por unanimidade (Expresso 6.06.2016).

A comunidade científica portuguesa optou por uma estratégia de vacinação de grupos de risco, sobretudo de algumas comunidades nas áreas suburbanas do Porto e de Lisboa. A proteção universal contra a tuberculose vai ser então, substituída pela vacinação de crianças em comunidades de risco, onde a circulação do bacilo tende a ser mais frequente. A alteração é uma das novidades introduzidas no Programa Nacional de Vacinação (PNV) que ficou disponível no início deste ano (2017).

Para o diagnóstico de tuberculose infeção latente, é necessária a pesquisa de sintomas sugestivos de tuberculose, a realização de uma radiografia pulmonar, um teste tuberculínico (ou teste de Mantoux) e fazer colheita de expetoração para exame direto e cultural.

Para o tratamento da tuberculose, os medicamentos mais eficazes e mais vezes utilizados são administrados por via oral. A duração mínima do tratamento são seis meses, embora a duração total varie em função do órgão envolvido, evolução ou gravidade da doença, podendo ser superior a um ano. O tratamento correto e eficaz leva a uma cura em mais de 95% dos casos. É fundamental o rigoroso cumprimento da medicação pelo tempo total estipulado, caso contrário pode haver desenvolvimento de resistência aos antibacilares.

Desde os primórdios da civilização que enfrentamos discriminação e preconceito associados a doentes que infelizmente e circunstancialmente entraram em contacto com uma doença infetocontagiosa. Este doentes necessitam de um olhar diferenciado mas nunca desigual, continuam a ser pessoas a necessitar da ajuda de todos.

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