quarta-feira, 22 de março de 2017

O ARMÁRIO DOS MEDICAMENTOS

VERA PINTO
Lembram-se dos célebres armários metalizados com portas de espelhos que decoravam a maioria das casas de banho? Esta imagem faz-me viajar no tempo e regressar à infância. Não havia uma casa de um familiar ou amigo que não apresentasse estes armários tão práticos. Práticos sim, muito práticos! Funcionavam como três em um: farmácia, pois era o local utilizado para armazenar os medicamentos e outros produtos de saúde, como espelho e, como objecto de adorno e decoração. Ninguém me convence que não era moda da época. Com o passar dos tempos os padrões de decoração mudaram substancialmente, o conhecimento evolui e estes armários parecem ter entrado em extinção. Tenho que confessar que de decoração não percebo muito, mas em matéria de conservação de medicamentos sou mestrada. Escolher a casa de banho como o local da casa para o armazenamento de medicamentos é um grave erro que felizmente tem vindo a ser corrigido pela maioria das pessoas. Os medicamentos são criados com a finalidade de nos auxiliarem no tratamento, prevenção e diagnóstico de doenças e não para nos prejudicar. Para que tal seja alcançado, temos de respeitar o medicamento, obedecendo às suas condições de conservação e armazenamento, de modo a garantir o cumprimento do prazo de utilização estabelecido. Segundo o Formulário Galénico Português (FGP), o prazo de validade corresponde ao período durante o qual o medicamento ou qualquer outra preparação mantém as características e os padrões de qualidade pré-definidos. Na Farmácia, as condições de iluminação, temperatura, humidade e ventilação das zonas de armazenamento respeitam as exigências específicas dos medicamentos, de outros produtos farmacêuticos, químicos, matérias-primas e materiais de embalagem. Para além disso estas condições são verificadas e registadas periodicamente, fazendo jus as recomendações descritas no manual de boas praticas farmacêuticas. A partir do momento que o medicamento sai do controlo farmacêutico, estas noções devem ser interiorizadas pela população sob pena da ineficácia do tratamento adquirido. O prazo de validade inscrito na embalagem do medicamento só é valido se as condições de conservação do mesmo forem respeitadas e nunca se deve utilizar um medicamento fora da validade. Utilizar um medicamento fora da validade pode ter duas consequências: na melhor das hipóteses o medicamento não produz efeito. Contudo, dependendo da finalidade do medicamento seja para o controlo de uma infecção, controlo de pressão arterial ou medicamentos para o coração, a toma de um medicamento fora do prazo poderá fazer a diferença entre a vida e a morte. Na pior das hipóteses além de não fazer efeito, poderá ter efeitos secundários adversos, na medida em que o princípio activo pode estar de tal forma deteriorado que poderá causar intoxicação. Em suma, para garantir a correta conservação dos medicamentos, estes devem ser guardados num armário fechado, devidamente identificado, num local limpo e seco, ao abrigo da luz e da humidade e sempre longe do alcance das crianças. Desta forma devido à humidade e às alterações de temperatura, o armário de medicamentos não deve estar em locais como a cozinha e a casa de banho. A despensa ou o quarto poderão ser melhores escolhas para o seu armazenamento e devemos periodicamente fazer uma revisão à farmácia doméstica, de forma a descartar medicamentos que estejam fora da validade ou que já não necessitamos. Estes medicamentos nunca devem ser colocados no lixo comum ou esvaziados pelos esgotos domésticos. Devem ser entregues na farmácia no sentido de serem reciclados.

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