sexta-feira, 31 de março de 2017

EA: ESTIMULAR A MENTE

GABRIELA CARVALHO
Nas crónicas 06.01.2017 e 03.02.2017 abordei o tema do ENVELHECIMENTO ACTIVO (EA), dando-lhe continuidade na crónica de 03.03.2017, na qual especifiquei a importância do exercício físico.

Na crónica de hoje a especificidade será sobre a importância de ESTIMULAR A MENTE.

Um dos principais medos e receios associados ao envelhecimento está relacionado com a perda de memória e o declínio cognitivo.

Não é necessário alarmismos porque nos esquecemos da chave de casa, porque não sabemos onde colocamos os óculos… esses esquecimentos acontecem em qualquer fase da vida. No entanto, para que não se tornem tão frequentes com o avançar da idade nem tão significativos, é fundamental exercitar o cérebro.

Importa antes de mais, desmistificar que existe um declínio generalizado e irreversível das capacidades cognitivas com a idade. Este pensamento é mais um estereótipo associado ao envelhecimento do que propriamente uma realidade linear.

Ou seja, existe algum tipo de declínio cognitivo associado à idade, MAS ADMITE-SE QUE ESTE ESTÁ MAIS RELACIONADO COM A FALTA DE USO DESSAS CAPACIDADES, QUE POR ISSO SE VÃO PERDENDO.

Por isso a celebre frase “USE IT OR LOSE IT” (use-o ou deixará de funcionar) vem chamar à atenção de que a mente e o corpo têm de ser cuidados e usados para continuarem a funcionar adequadamente.

Por isso, o declínio cognitivo tantas vezes abordado e associado ao envelhecimento PODE SER PREVENIDO, OU ATÉ MESMO RETARDADO, através «do uso e treino adequados das várias funções cognitivas ou através da adaptação de estratégias de compensação.»
No entanto, não podemos esquecer que existem factores biológicos (como a audição e a visão), factores pessoais (como défices de atenção, baixa escolaridade, a própria história pessoal) e factores sociais (como por exemplo, a passagem para a reforma, abordada na crónica anterior) que ao reflectir-se nos estilos de vida de cada um, vão influenciar o modo como cada um envelhece e afectar o próprio envelhecimento cognitivo.

São várias as formas que permitem manter a mente activa, seja pelo treino cognitivo (de curta duração) aplicado nas rotinas do dia-a-dia; seja pela intervenção cognitiva, mais prolongada no tempo e com necessidade de suporte de um técnico especializado.

Alguns exemplos de como estimular o seu cérebro nas rotinas do seu dia-a-dia:

- na pastelaria, optar por sentar-se numa mesa diferente da habitual e perceber o que consegue observar de diferente nesse novo ângulo de visão;

- de vez em quando ir a outro café diferente do habitual e ler um jornal que não costuma ler;

- escolher percursos alternativos nas viagens que faz diariamente;

- alterar a ordem de determinadas rotinas no seu dia;

- procurar artigos diferentes e em lojas diferentes;

- experimentar novas actividades;

- entre uma panóplia de exercícios que se encontram disponíveis, como palavras cruzadas, sopas de letras, leitura de livros … e que são mais usuais ouvirmos como indicação.

Parecem coisas demasiado simples, mas na verdade o nosso cérebro ao realizar sempre as mesmas coisas e da mesma forma deixa de pensar/observar/ analisar o que está a fazer; passa a fazê-lo por rotina. Ao “trocar as voltas” ao seu cérebro fazendo pequenas mudanças, vai obrigá-lo a pensar/analisar as novas situações e assim está a manter a sua mente activa e a estimular o seu pensamento.

“Mais do que acrescentar anos à vida, a Terapia Ocupacional proporciona vida aos anos.”



Referências Bibliográficas:
- Organização Mundial de Saúde (2005). Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde.
- Ribeiro, O., C. Paúl (2011). Manual de Envelhecimento Activo. Lisboa, Lidel - edições técnicas, lda.
- Torres, M. & Marques, E. (2008). Envelhecimento activo: um olhar multidimensional sobre a promoção da saúde. Estudo de caso em Viana do Castelo. Lisboa: VI Congresso Português de Sociologia.
- Vasconcelos, K. R. B. d., Lima, N. A. d., & Costa, K. S. (2007). O envelhecimento ativo na visão de participantes de um grupo de terceira idade. Fragmentos de cultura, 17, 439-453.

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