domingo, 26 de março de 2017

DESILUSÃO

CARLA SOUSA
Uma das principais causas da dor emocional é a desilusão. Talvez seja uma das dores mais intensas… Quem nunca sentiu? A desilusão deriva das expectativas que depositamos nas pessoas que confiamos e gostamos. Esperamos que estas pessoas nos tratem com lealdade e em conformidade com as expectativas que depositámos.
Quando estas expectativas não são satisfeitas, sentimo-nos revoltados, frustrados, traídos, zangados: desiludidos. 

No entanto, os outros não pensam, sentem ou agem como nós… É uma realidade!

A desilusão pode levar a um estado de sofrimento e depressão profunda.

A pessoa desiludida pode passar anos da sua vida obcecada em encontrar as razões da traição. Ou seja, as suas expectativas caíram por terra e sentiu que o seu chão se abriu… Sentiu que “perdeu” a tal pessoa! É como se “algo morresse dentro de si”. 

Não lhe cabe na cabeça porque é que a pessoa em quem confiava foi capaz de a trair e desiludir. Procuram-se sinais em todos os lados e lugares e os pensamentos não param, andam sempre em círculo. É como folhear um livro para trás, em busca de sinais e acontecimentos que possam ter sido já indicadores de que não valia a pena investir na tal pessoa.

É preciso ter cuidado com a forma como reagimos perante uma desilusão. No “calor da emoção” podemos ter atitudes irrefletidas que podem causar arrependimento. Quando nos sentimos injustiçados ou assumimos o papel do traído ou da vítima podemos cair no erro de querer a todo o custo “que a justiça seja feita”. “Eu estou a sofrer e o outro tem de sofrer também”, “Tem de ser feita justiça”. Sem nos darmos conta estamos a ter comportamentos de vingança para atenuar a dor da desilusão. 

No entanto, isso na maioria dos casos acaba por piorar a situação.

É importante “deixar assentar” as coisas e as ideias, olhar para dentro de si, e ver o que realmente vale a pena fazer.

Com isto, não quero dizer que temos de encontrar ou sentir uma culpa que não temos, mas sim, ter calma na gestão deste conflito. Dar tempo ao tempo…

Perceber se vale a pena falar com a pessoa ou não. Perceber se ela é realmente importante na vida ou não. E o que realmente vai mudar se decidir conversar. 

Penso que o pensamento autocritico é importante. E, não importa ser demorado. 

Muitas vezes a nossa “sede” de justiça, quando nos sentimos traídos acaba por colocar-nos, sem darmos conta, na mesma posição que a pessoa que nos desiludiu. Evite mandar recados, evite dizer como se sente em redes sociais, a toda a gente com quem estabelece contacto noutros contextos. Essa atitude, além de imatura, não vai resolver nada!

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