domingo, 5 de fevereiro de 2017

SEPARAR, SÓ DE TRUMP

JOANA M. SOARES
Na semana em que Trump subiu ao pódio do poder e começou a disparar as suas medidas desmedidas, o mundo encolheu. Nesta mesma semana, assisti a um vídeo na rede social facebook, vindo da Dinamarca, que contrasta com o separatismo de Trump. Nele vêem-se pessoas diferentes no aspecto, separadas por grupos (grupo de mulheres, grupo de musculados, grupo de desportistas, grupo de meninos tatuados). À medida que o apresentador ia perguntando: “Quem daqui já sofreu por amor?”, “quem daqui já se sentiu sozinho?”, “quem daqui já fez sexo esta semana?”, as pessoas iam-se deslocando, desagrupando e misturando-se. E, assim, misturando origens, credos, feições, gostos, roupas, cores.

No grupo de pessoas oriundas de países árabes que Donald Trump quer debelar dos Estados Unidos está Malek Jandali, pianista sírio. Este homem deixou a Síria devastada para dar o melhor de si através da música a um país que desde sempre recebeu imigrantes, refugiados e que sempre se anunciou como solidária. No turbilhão de seres humanos que Trump quer esfumar do país - para onde ele também imigrou - também estão estes seres. Humanos. Límpidos. Que dão o melhor de si.

Da história do passado chega-nos imagens hediondas como o holocausto. O mundo viveu horrores com o fascismo, com divisões na igualdade dos seres. Lá atrás na cortina do palco do mundo ficaram adereços, figurinos desta grande peça de teatro que é o mundo, arrumados e que parecem estar a arranjar-se para entrar de novo em cena. Mas o público não quer.

Marcham nas ruas com cartazes em punho. Gritam palavras de união, querem soprar no mundo como um balão. Para que o mundo cresça e com ele a esperança do amanhã ser sempre melhor. E não este retrocesso a que estamos a assistir. Ao tempo a voltar para trás.

Juntamos os países da Europa, destruímos fronteiras, demolimos muros.

Tal como no vídeo somos um e somados fazemos um grupo, independentemente do nosso aspecto, condição social, económica, religiosa. Que jamais parem as marchas.

Como diria José Saramago: 

“Há uma regra fundamental quando se vive como nós estamos a viver – em sociedade, porque somos uns animais gregários – que é simplesmente não calar. Não calar! Que isso possa custar em comunidades várias a perda de emprego ou más interpretações já o sabemos, mas também não estamos aqui para agradar a toda a gente. Primeiro, porque é impossível, e segundo, porque se a consciência nos diz que o caminho é este então sigamo-lo e quanto às consequências logo veremos.”

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