quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

AS CRIANÇAS E A SAÚDE

MARIA AMORIM
Para todos os pais ter um filho saudável é aquilo por que mais anseiam desde o momento em que descobrem que o vão ser. A gravidez é o desenrolar de todo um período de expectativas que se geram e de sonhos que se sonham à volta de um minúsculo ser que já conseguiu, mesmo sem ninguém o ver, transformar-se no centro do universo dos seus pais. E...nasceu, aquela pequena coisa que transtorna os dias, e as noites...E, com ele nasceu um sentimento de constante inquietude, que nunca mais vai largar os pais. E, até pode nem ser palpável, ou ser mais ou menos ténue, mas esta lá. As dúvidas são muitas e o medo de não saber o que fazer acompanha todas as recém mamãs. O bebé chora, gesticula, porque é que ele está a chorar? É simples, porque é o que um bébé sabe fazer, chorar. E, com o tempo, a mãe vai aprender a reconhecer cada choro, e saber quando tem fome , quando está de birra, quando está doente. O fundamental é manter a serenidade e não desesperar, porque é bem verdade que a mãe é que sabe, e mais cedo ou mais tarde, vai saber que ninguém melhor que ela, conhece o seu filho. Se o quer saudável, tem de se preparar, procurar informar-se sobre aspetos diversos da saúde e das doenças, hoje em dia o que não falta é informação, falta sim muitas vezes o bom senso de selecionar a informação, e procurar ajuda em quem realmente pode ajudar.

A saúde da criança, como pessoa, abrange aspetos bio, psico sociais, integradores do ambiente em que vive, da sua família, da escola ou da creche que frequenta. Todos estes aspetos se interligam e contribuem para a saúde. Os hábitos de vida dos pais vão ter uma repercussão clara no desenvolvimento infantil, a forma como vivem esses hábitos, alimentares, de sono, de lazer, de trabalho vão influenciar diretamente o desenvolvimento da criança. Não basta querer um filho saudável, é preciso algum trabalho para o ter, ao longo de toda a vida. Desde que nasce, os pais são o fator mais preponderante na saúde da criança, porque são quem decide tudo por ela, o que come, onde dorme, como dorme, se são tranquilos ou inquietos, angustiados ou confiantes, se são flexíveis quando devem, determinados quando é preciso, e se são sensatos nas decisões que tomam. Essas decisões passam por coisas complexas, como escolher um pediatra, ou por coisas tão simples como não deixar acordar um bebé que está a dormir.  Saber que tem que vacinar um filho é um dever fundamental, mas depois há todas aquelas vacinas que não são obrigatórias, e, aí é preciso decidir o que fazer, com a ajuda do médico, lendo e estando atento às informações sobre saúde infantil, e, seja qual for a decisão tomada, será uma decisão consciente. Não há melhores decisões do que as decisões informadas, e estas devem prevalecer ao longo de toda a vida.

Para um desenvolvimento saudável , existem alguns aspetos que inúmeros autores consideram fundamentais, e com os quais não posso deixar de concordar e de os referir:

- cuidados contínuos, coerentes e amorosos são tão essenciais para a saúde do espírito como os alimentos  o são para o corpo;
- dar generosamente tempo e compreensão, brincar com um filho é mais importante que ter uma casa arrumada;
- permitir novas experiências à criança, falando com ela e permitindo contacto constante com a linguagem ajuda no seu desenvolvimento intelectual;
- fomentar os jogos sob todas as suas formas, quer sozinho, quer acompanhado, jogos que permitam explorar, imitar, construir, fazer de conta, não lhe dar tudo pronto, permitir-lhe criar;
- os elogios pelo esforço são mais importantes que ganhar;
- dar-lhe responsabilidade cada vez maiores, pois desenvolver o sentido de responsabilidade requer muita prática;
- lembrar-se que cada criança é única, que o que serve para uma pode não ser conveniente para outra;
- a manifestação da desaprovação deve ser adaptada ao temperamento, à idade e à compreensão de cada criança;
- nunca ameaçar de deixar de a amar ou de a abandonar, pode-se rejeitar determinado comportamento na criança, mas nunca sugerir que se rejeita a própria criança;
- um pai não deve esperar reconhecimento: o seu filho não pediu para nascer, foi ele que decidiu tê-lo.


Estes princípios são orientadores para a educação da criança e fundamentais para o que tenha um desenvolvimento feliz e saudável, alicerces seguros da pessoa que se vai tornar no futuro.

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