segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

RITA TEIXEIRA
Numa época, que somos invadidos, através dos meios de comunicação social, com notícias constantes sobre violência doméstica, aqui e agora, vai o testemunho de alguém que sofreu às mãos de um marido sem quaisquer escrúpulos, sem carácter e de uma mesquinhez, impossível de conceber a quem o conhece pessoalmente. Ela não entrou nas estatísticas nacionais, nem foi notícia de qualquer meio de comunicação social, mas teve forças suficientes para se divorciarem.

Certa noite, após ouvir alguns mexericos sobre a sua vida íntima, sendo o ex-marido o autor de tais boatos, ela não consegue dormir de tanta revolta, por ver a sua vida exposta à mercê das bocas do povo. Contudo, ela não insistiu fazer o que já sabia que não conseguiria, simplesmente dormir. Então, pegou num caderno e numa caneta, desabafando a revolta que ensombrava sua alma, já ferida por tantos flagelos pelo pai dos seus filhos. Anteriormente, ela já tentara suicidar-se duas vezes. Transcrever todo o desabafo nesta crónica é impossível, mas seguir-se-ão alguns trechos. “São quatro e trinta da manhã. Acordei a gritar bem alto “ PORCO” e gesticulava como se estivesse a afastar alguém de cima de mim. Isto tudo porque a vida não pára de me surpreender! Hoje, sábado, soube que o meu ex-marido comentava com os empregados que, sempre que fazia sexo comigo, só tinha vontade de me bater. Senti-me tão humilhada, ainda por cima, ouvir da boca de um homem. 

Nesse momento, se visse um buraco, enfiava-me lá dentro!” “Mas senti tanto nojo e sinto tanta vergonha de ter estado casada com um ser tão desprezível, embora a vergonha seja mais intensa, por ele ser o pai dos meus filhos! 

Neste preciso momento, lamento a quantidade de vezes que me rebaixei e sofri nas mãos deste homem desprezível, por amor aos meus filhos, para que fossem criados com a presença do pai. Porém, foi tudo em vão. Sim! Sempre que relembro o que ele disse aos empregados deveria estar a referir-se às situações em que me violava, sem que eu quisesse, forçava me agir como uma prostituta, enquanto eu chorava na escuridão do quarto.”

“Das duas vezes que reatei com ele foi pelos meus filhos, apesar de lhe dizer que ele era o homem da minha vida. O amor de mãe sobrepôe-se a tudo e só quem ama seus filhos é que entende os sacrifícios que uma mãe é capaz de fazer.” “Com o passar dos anos, compreendi que, para meu bem-estar e o dos meus filhos, a separação seria o melhor caminho para a felicidade. Entendi que o futuro está nas mãos de Deus e que ele já traçou nosso destino. Foi Deus que disse: sofrerás grandes aflições nesta vida, mas estarei sempre aqui para te ajudar e não te deixar cair. Deus esteve sempre comigo e levantou-me nas quedas, deu-me forças para seguir em frente.”

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