sábado, 28 de janeiro de 2017

UMA PEDRADA NO CHARCO

JOÃO MONTEIRO LIMA
De tempos a tempos fala-se dos vencimentos dos titulares de cargos políticos e de cargos públicos como sendo exorbitantes. 

Foi assim recente com o vencimento que iria auferir o ex-Presidente da Caixa Geral de Depósitos.

Não sou dos que pensa que os políticos e os que desempenham altos cargos públicos ganham miseravelmente mas também não alinho na populista campanha de que são muito bem pagos.

Penso antes que os cargos políticos e os cargos públicos deveriam ser balizados pelo vencimento do Presidente da República, mas penso também que este vencimento deveria ter aumentado.

Estou consciente da dificuldade de fazer passar esta ideia, ainda para mais nos dias que correm, em que os políticos são vistos de lado (em muitos casos por culpa dos próprios e em todos estes também por culpa nossa, de todos, que elegemos este e não outros para desempenhar os cargos que ocupam). Mas se pensarmos de mente aberta, sem qualquer complexo de principio, poderemos pensar de forma diferente.

Pensemos pois que poderemos dar o nosso contributo, ou que nos pedem para dar o nosso contributo na vida política ou pública mas que o vencimento que auferimos na nossa actividade profissional não é acompanhado na actividade que pretendem que desempenhemos. Olhar para o desempenho destes cargos como uma “missão” (como tantos gostam dizer) será demagogia, pois poucos são casos em que o espírito de missão é total.

Um gestor que aufere um determinado vencimento porque motivo estará disponível para prescindir de vencimento para ser presidente de junta ou de Câmara? O mero gosto pela actividade não chegará seguramente. Despender de tempo, predispor-se à uma exposição pública e a sufrágio diário e ainda perder vencimento arrasa a ideia de missão, daí chamar de demagogo a quem diz que está nestes cargos por puro espírito de “missão” 

Voltando ao aumento dos vencimentos, penso que poderia potenciar uma diminuição do risco de corrupção, pois por vezes a corrupção é motivada por “necessidades financeiras” que levam a que as pessoas se deixem corromper.

Talvez um dia, quando os políticos e os detentores de cargos públicos provem que não são todos e iguais e que pagando melhor teremos melhores políticos e gestores públicos se possa avançar neste sentido, até lá será sempre uma pedra no charco defender aumentos para os políticos.

Sem comentários:

Enviar um comentário