terça-feira, 31 de janeiro de 2017

NA CAMA COM O ESCOCÊS

ELISABETE SALRETA
Todos os dias ela tem um ruivo à espera.

Abre a porta de casa e é sempre recebida com o mais caloroso dos olhares e de uns braços que se transformam num abraço apertado, daqueles que preenchem todo um coração sequioso, perdido, na lonjura do dia que se passou. Aqueles poucos segundos que passam nos braços um do outro, são um eterno renovar de uns votos sem necessidade de renovação. Já têm um selo a sangue que os une para a eternidade da vida. Chama-se amor.

Mas este é diferente porque nem a morte os separará. Enquanto existir a lembrança dele, é eterno. São assim os amores verdadeiros onde não existem separações possíveis. Não existem traições, porque quando estão juntos, o momento é só deles e nada mais existe. O mundo simplesmente esfuma-se à sua volta deixando-os rodeados de uma aura de brilho.

Olham-se nos olhos e vêm a alma um do outro e conhecem-na tão bem. São velhos viajantes do tempo e esta vida é apenas mais uma renovação de tão apertado laço unido num silêncio e abençoado com o pó das estrelas. Consagraram-se num amor sem limite que vai muito além do plano terreno.

A sua união é invejável, pois é de uma pureza transversal a todos os sentidos.

Beijam-se a todo o momento, com o olhar e partilham a sua cumplicidade com gestos quase impercetíveis e todos que dizem – estou aqui! Mas sabem que o outro está sempre lá. O cordão que os une, invisível aos demais, é muito forte.

Quando inicia o serão e se sentam no sofá, ele aproxima-se dela e embrenha o nariz no seu cabelo. Passa-o por entre os dedos daquelas mãos claras de pelos ruivos e acerca-se das suas orelhas. Lambe-as e mordisca-as com uma suavidade que advém desse amor tão profundo. Fico a imaginar os segredos que com ela partilha naquele momento em que sente o seu cheiro e a abraça uma e outra vez. Ficam ali por muito tempo, expressando todo o seu amor num momento só deles. Os seus beijos são muito calorosos e ambas as mãos passeiam pelos seus corpos num vai e vai de delicias.

Impossível de descrever este amor, deixo apenas uma ponta do véu levantada ao vosso olhar. Saibam que o amor verdadeiro é possível entre uma tutora amada e o seu gato, eterno namorado.

O príncipe das terras altas, o ruivo Óscar.

1 comentário:

  1. Amor é AMOR, independentemente do género, raça, tipo de relação etc. Elisabete Salreta leva-nos a conhecer este mundo deste sentimento que pode unir os seres mais diferentes do universo, porque o AMOR não está no que é visível. Muito AMOR para todos!!

    ResponderEliminar