quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

O PAPEL DO IDOSO NA FAMÍLIA

MÁRCIA PINTO
Todos os anos acontece o mesmo, a comunicação social um mês antes do Natal começa a mostrar os brinquedos, as roupas, os eletrodomésticos que nos poderiam fazer feliz na noite de Natal, caso os recebêssemos de presente.

Mostram-nos os centros comerciais com decorações lindíssimas, famílias felizes à volta de mesas recheadas ou da árvore de Natal a abrir presentes, como se da realidade se tratasse.

Desta forma, dão-nos a sensação de que a nossa família não é perfeita, que a nossa mesa de Natal será muito pobre, os nossos filhos vão ficar frustrados com os presentes que vão receber.

Mas será que é isso que realmente vale a pena? As decorações, a comida, os presentes?!E os valores onde estão?! O sentido do amor verdadeiro, da família, da amizade não será mais importante? Claro que sim!

No entanto, é nesta altura em que os nossos idosos são abandonados nos hospitais pelas famílias que preferem ostentar a riqueza visível aos olhos, quando a verdadeira beleza do ser humanos está no coração.

Infelizmente, para muitas pessoas, o idoso já não é visto como parte integrante de uma sociedade, ou como alguém que ainda pode contribuir com o seu conhecimento cultural, profissional e espiritual.

Isto acontece, em especial, nos pais de mais idade, que têm necessidades básicas: de atenção e carinho, que lhes têm sido negadas pela insensibilidade e egoísmo dos seus filhos, que preferem entreter-se com as novas tecnologias, do que conversar em família.
Deste modo, este comportamento transmite aos netos a ideia de que bastam algumas visitas, rápidas e ocasionais, alguns telefonemas semanais, um almoço ou jantar de vez em quando, para cumprir o que lhes caberia fazer pela saúde e bem-estar dos mais velhos.

Assim, nestas últimas décadas surgiu uma geração de pais sem filhos presentes, por força de uma cultura de independência e autonomia levada ao extremo, que tem um impacto negativo no modo de vida de toda a família.

Consequentemente, alguns são vítimas do abandono. Falta de recursos pode justificar os fins, mas carinho não tem preço. Eles foram esquecidos. Existem aqueles que não constituíram família. Outros são ``pais órfãos de filhos vivos``, expressão que me faz arrepiar só de ouvir… A idade refletida no rosto revela um coração cansado, que reclama por atenção. Diferente do que acontece quando se trata de uma criança, que atrai atenção e carinho, um idoso acaba por passar despercebido na sociedade. Com décadas e décadas de vida, ele tem muitas histórias para contar, conselhos sábios para transmitir e muito amor para dar.

Neste sentido, nesta época em que tanto de fala de amor e solidariedade, valores que deveriam durar todo o ano, porque não fazer uma visita aquele vizinho ou amigo que está sozinho, em casa, num hospital ou num lar e dessa forma levar muita alegria e preencher o vazio que a família deixou?!

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