quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

«MÃOS FRIAS, CORAÇÃO QUENTE... AMOR PARA SEMPRE»

VERA PINTO
Provérbio ou ditado popular é uma expressão de cariz moral, filosófico ou religioso que se mantém inalterável ao longo dos anos, constituindo uma parte importante de cada cultura. Os ditados populares são dos exemplos mais flagrantes de inteligência prática, sendo na maioria dos casos o resultado do conhecimento empírico. Desde cedo senti um fascínio por este tipo de ditos e descobrir a sua origem ou encontrar uma explicação científica é para mim um desafio. Quem nunca proferiu o célebre ditado: “Mãos frias, coração quente”, após um afectuoso aperto de mão? Com certeza que muitos de nós já o fizeram. E quantos já se questionaram sobre o porquê desta frase? Parece um assunto fútil, sem qualquer interesse, mas do qual podemos extrair uma explicação lógica e colocar em prática os nossos conhecimentos. Sempre tive a ligeira impressão que este provérbio surgiu numa bela tarde de namoro, em que um dos intervenientes com as mãos frias teria tocado na sua amada. Esta fica assustada com o gelo das suas mãos e o enamorado lembra-se da frase de génio para a cativar. Trata-se, claro de uma forma engraçada de explicar o uso deste provérbio. Contudo, podemos conferir-lhe alguma seriedade, não o tornando tão fútil. Ter as mãos frias pode ser sinónimo de má circulação periférica. Isto quer dizer que o sangue tem dificuldade em chegar as extremidades do corpo, resultando em mãos, pés, nariz ou orelhas frias. A circulação periférica pode ficar desfalcada, mas a circulação central que compreende os órgãos vitais como cérebro, coração, pulmões, etc., por uma questão de sobrevivência mantém-se normal. Assim sendo, o coração está quente, mas as mãos frias. Isto não quer dizer que ter mãos frias é sinónimo de insuficiência venosa. Como qualquer diagnóstico não pode ser feito com base em apenas um sintoma, sendo necessária uma avaliação criteriosa realizada por um profissional qualificado. Quero com este provérbio alertar para a necessidade de dar importância a todos os sinais que o nosso organismo nos fornece, pois esta é a sua única forma de comunicar. A parte do “amor para sempre” não consigo encontrar uma justificação, mas não há dúvidas que resulta de uma frase de engate muito bem construída.

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