quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

2016 – UM ANO EM REVISTA

LUÍSA VAZ
A todos os níveis, 2016 foi um ano profícuo em acontecimentos que podem até ser considerados bizarros. Isso não faz deles bons nem maus, apenas em alguns casos de difícil compreensão ou mesmo assimilação.

Portugal foi, pela primeira vez na sua história desportiva, Campeão Europeu em futebol. Uma equipa criticada por muitos, com um seleccionador nacional que nem sempre reuniu todos os apoios e com um percurso na Competição que muitos diziam não conduzir ao fim que de facto conduziu mas é um facto, Portugal sagrou-se em Julho, na cidade de Paris, Campeão Europeu de Futebol indo agora e pela primeira vez na história disputar a Taça das Confederações. Noutra área do desporto, Fernando Pimenta torna-se campeão da Europa de canoagem, em K1 1000, nos Europeus de Canoagem em Moscovo. Ainda no desporto nacional, Ana Dulce Félix vence a medalha de prata por Portugal nos 10.000 metros do Campeonato da Europa de Atletismo de Amesterdão. Também Sara Moreira se sagrou campeã da Europa na meia-maratona nos Europeus de Atletismo de Amesterdão, Jéssica Augusto termina em 3º lugar, conquistando também o bronze para Portugal, Patrícia Mamona é consagrada campeã europeia em Triplo Salto com a marca de 14.58m, novo recorde nacional da especialidade. Tsanko Arnaudov, búlgaro naturalizado português, conquista a medalha de bronze no lançamento de peso. O ciclista português Ivo Oliveira sagra-se vice-campeão europeu em perseguição individual sub-23. Portugal sagra-se campeão europeu de hóquei em patins 18 anos depois, ao vencer a Itália por 6 - 2 na final do Campeonato da Europa de Hóquei em Patins de Oliveira de Azeméis.

A nível político externo, contra todas as expectativas e contra toda a imprensa, Donald J. Trump com um programa completamente fora de tudo aquilo o que era aceitável pelo “mundo conservador” ganha as eleições presidenciais americanas. Apesar de a candidata Hillary Clinton ser da ala democrata tal como o Presidente cessante Obama e de reunir os apoios não só das pessoas mais influentes, dos opinion-makers e do meio artístico, o panorama eleitoral sofreu a maior reviravolta de todos os tempos mostrando quão divididos estão os americanos. O Presidente eleito está agora a formar a sua Administração que tem sido tudo menos consensual deixando alerta até as pessoas mais desprendidas no que toca a estas questões.

Contra as expectativas dos Estados Unidos, a Rússia decide apoiar Bashar al-Assad na sua luta contra o Daesh provocando grandes convulsões na Síria onde a crise dos refugiados de Aleppo se tornou capa de jornais em todo o Mundo colocando a cidade no centro do conflito. Numa outra parte do Mundo, os Estados Unidos juntamente com o Governo de um lado e os rebeldes do outro, mantêm o cerco a Mossul, no Iraque.

Na Europa, foram sucessivos os atentados perpetrados contra a população civil com várias baixas e com um novo método – um camião que normalmente é roubado e atirado contra multidões reunidas em centros nevrálgicos das cidades em dias festivos. Estar no centro de uma multidão, algo perfeitamente normal e pacífico para qualquer europeu, transformou-se em algo a evitar dado o perigo iminente de um atentado.

O Referendo em Inglaterra determina o BREXIT o que terá um impacto ainda sem consequências totalmente determinadas quer para a própria Inglaterra – há países que compõem o Reino Unido que são totalmente desfavoráveis à saída – quer à Commonwealth quer para a própria Europa não sendo neste momento possível determinar se outros países lhe seguirão.

A subida dos movimentos nacionalistas e dos partidos de extrema-direita um pouco por toda a Europa tem lançado um clima de suspeição sobre os governos e as politicas seguidas por começar a tornar-se evidente que os cidadãos não estão satisfeitos com o rumo que os países estão a seguir e começam a procurar alternativas que eles consideram que os defendem contra o que consideram ser perigos como sejam o terrorismo e os refugiados que têm vindo em massa para o território europeu.

Pela primeira vez na História, Portugal consegue eleger o Secretário- Geral das Nações Unidas. Veremos ao longo de 5 anos como é que o Engenheiro Guterres que teve sérias dificuldades em gerir o orçamento nacional tendo largamente contribuído para a 3ª bancarrota, vai lidar com o gigantesco orçamento das Nações Unidas. Espera-se no entanto que a sua experiência n´ACNUR agora sirva para ajudar o Mundo, e a Europa em particular, a lidar com a crise de refugiados que enfrenta.

A nível político nacional, a eleição no início do ano de um Presidente dos Afectos veio revolucionar a forma como encaramos a Presidência da República. A actuação do actual ocupante de Belém pode ser vista com bons olhos pelos cidadãos que gostam da ideia fantasiosa de proximidade aos órgãos de Poder mas não é tão bem vista pelas Instituições que prezam a separação de poderes em que se baseia o Estado de Direito português e apreciam que o Presidente da República tenha um papel mais contido, conservador até e mais focado no que são de facto as suas funções constitucionalmente atribuídas.

Ainda no âmbito nacional, dado o apoio não só do Presidente da República eleito, como da comunicação social, como dos organismos europeus que com a crise bancária em Itália e na Alemanha não estão numa posição nada favorável para lidar com a 4ª bancarrota que se anuncia para breve em Portugal – dada a veracidade dos dados económicos e estatísticos – aquilo que vai ficar na História conhecido como “ A Geringonça” lá se vai mantendo de erro crasso em erro crasso até à bancarrota final numa clara repetição do cenário vivido em Portugal no período de 1979/83 com a diferença de que na altura, com moeda própria, era possível brincar com a inflação desvalorizando a moeda e criando nas pessoas a falsa ilusão de riqueza que hoje os ocupantes do palanque de S. Bento pretendem recriar.

A nível cultural, imensas foram as perdas. O mundo perdeu muito recentemente George Michael, um ídolo da geração de 80 mas também um produtor e letrista de elevada categoria. Também e ainda mais recentemente, o cinema perdeu a “sua” Princesa Leia, Carrie Fisher, uma enorme perda para os fãs de cinema e de Star Wars em particular.

Também na música, David Bowie, um ícone, cantor, produtor e actor também desaparece bem como Prince. No desporto o Mundo perdeu Mohamed Ali e no cinema Doris Robert e Gene Wilder enquanto Portugal perde Nicolau Breyner, um entertainer de excelência e alguém insubstituível só para citar alguns não transformar este texto num obituário.

Houve no entanto um acontecimento que não passou despercebido a ninguém e que foi até, e como sempre, criticado ou questionado por muitos: O prémio Nobel da Literatura foi entregue a Bob Dylan. Muitos só o conheciam como cantor e/ou letrista e poucos conheciam o seu lado de escritor. Pode ser que o seu trabalho comece agora a ser mais conhecido com esta distinção.

Na Saúde e na Ciência, a OMS declara o vírus Zika como uma emergência internacional e os cientistas detectam pela primeira vez ondas gravitacionais, previstas por Einstein na Teoria da Relatividade Geral.

Não foi um ano fácil mas foi em alguns casos um ano de muitas conquistas. No entanto, o Mundo encontra-se em transformação, agora se calhar mais do que nunca e o tão desejado “regresso à normalidade” pode ser algo que só se consiga “ a duras penas”.

No entanto, muito em breve um Novo Ano chegará e com ele novos desafios tanto para as pessoas como para as Instituições. Eu espero e desejo que todos estejam à altura para que em 2017 se consiga colher o que se plantou em 2016 ou reorganizar o que se baralhou.

Eu cá estarei para continuar a produzir os meus textos que espero, continuem a ser, pelo menos, do agrado de alguns.

Bom Ano Novo!

2 comentários:

  1. Uma das perdas importantes não mencionadas, a de Leonard Cohen. De resto, um excelente resumo do ano.

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  2. Cara Manuela,
    Muito obrigada pelo reparo e pela atenção ao meu texto. Fica tomada a nota pela qual apresento as minhas desculpas.
    Votos de um excelente 2017.
    Luísa Vaz

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