sábado, 8 de outubro de 2016

#POLÓNIA#ABORTO#EUROPA#RATING

PAULO FERREIRA
Na Polónia, a lei atualmente em vigor apenas permite o aborto em casos de violação, incesto, malformação fetal e risco de vida para a mãe. Trata-se de uma das leis mais restritivas da Europa. Mas, pelos vistos, a direita ultraconservadora entendeu que era preciso ir ainda mais além. E é assim que surge uma proposta apresentada no Parlamento Polaco, que proibia o aborto em todas as situações, exceto quando a gravidez colocasse em risco a vida da progenitora. A lei previa ainda uma pena de cinco anos de prisão para as mulheres que a infringissem.

Esta proposta de lei foi apresentada na sequência de uma petição promovida pela plataforma “Parar o Aborto”, composta por várias associações pró-vida, que reuniu as assinaturas necessárias para levar o assunto a discussão no parlamento. A Igreja Católica estava também, pública e entusiasticamente, a favor desta lei antiaborto, apesar de vários bispos discordarem do cumprimento de pena de prisão efetiva por parte das mulheres.

Entretanto e perante tamanho retrocesso civilizacional, as mulheres polacas mobilizaram-se e na passada segunda feira vieram para a rua protestar. A dimensão desta contestação e as crescentes críticas de países europeus à proposta de lei em causa, fez com que a direita polaca e o partido que está no poder, recuassem nos seus intentos. E assim, na quinta feira, ao Parlamento Polaco não restou outra solução que não a de chumbar esta absoluta enormidade.

Infelizmente esta nossa Europa não atravessa apenas uma grave crise económica. Os problemas são muito mais profundos e este pequeno sinal dado pela Polónia é sintomático. À boleia da crise, do desemprego, dos refugiados e do terrorismo, políticas extremistas, fascistas, racistas e xenófobas, vão proliferando e crescendo. Quem, como eu, acreditava que a Europa continuaria a ser e de forma cada vez mais intensa, a referência da tolerância, da liberdade e da fraternidade, desengane-se. Plagiando uma linguagem muito em voga nos últimos anos, a Europa dos costumes e dos valores voltou a baixar o seu rating. Quanto às perspetivas, elas são assustadoramente negativas.

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