segunda-feira, 15 de agosto de 2016

TOXOPLASMOSE E GRAVIDEZ: MITOS E REALIDADE

DANIELA MOREIRA
Ainda há muitos mitos associados a esta doença, particularmente no que diz respeito às mulheres que se encontram grávidas. 

A Toxoplasmose é uma doença provocada por um microrganismo parasitário intracelular, denominado Toxoplasma gonddi. Este parasita encontra-se presente no meio ambiente, sendo encontrado em diversos animais e plantas. Todos os animais vertebrados podem ser infestados, incluindo o ser humano, mas o gato funciona como o hospedeiro definitivo do parasita.

Os gatos têm um papel fundamental no processo de disseminação do parasita. Após a ingestão de aves, roedores ou carne crua contaminada com o parasita, este desenvolve-se nas células intestinais do gato e os seus oocistos (ovos) são libertados para o exterior através das fezes. No meio ambiente, os oocistos sofrem esporulação num período que varia entre as 24 a 72 horas após a excreção, e só nessa altura é que se tornam infestantes para outros animais ou o ser humano.

A forma parasitária que é excretada pelos gatos não é infestante para o ser humano ou outros animais. E é aqui que reside o maior mito relativamente a esta doença: o oocisto que é expelido necessita de estar aproximadamente três dias no meio ambiente para se desenvolver e evoluir para a forma infestante que, se ingerida, causa doença em seres humanos ou animais.

A toxoplasmose pode ser adquirida por duas vias: por via oral (através da ingestão de comida ou água contaminadas com oocistos esporulados) ou por via placentária.

De uma forma geral, a infeção não provoca sinais de doença significativos em indivíduos adultos e saudáveis. Os riscos são maiores, contudo em indivíduos imunocomprometidos, pacientes sujeitos a terapia imunossupressora, idosos, recém—nascidos e mulheres grávidas.

No caso particular das mulheres grávidas, a infeção do feto por via placentária pode ter consequências diversas, com maior ou menor gravidade, consoante a fase da gravidez em que a infeção se verifica, pelo que se trata de uma doença que merece sempre muita atenção.

Verifica-se, frequentemente, um alarmismo desnecessário e infundado, levando a que muitos gatos sejam retirados de casa ou mesmo abandonados, durante o período de gravidez da mulher, para que não haja risco de infeção. No entanto, tal não é, de todo, necessário. Apesar de ser uma doença que pode causar problemas sérios, é simultaneamente uma doença de fácil controlo e basta que a grávida tenha alguns cuidados de higiene básicos para evitar a infeção.

Tal como foi referido, a forma de infeção é a ingestão de alimentos contaminados. Portanto, a melhor forma de prevenção é evitar a manipulação e ingestão de frutas ou legumes mal lavados e não desinfetados e também de carnes cruas.

Para além disso, deve ser evitada a jardinagem (para impedir o contacto com fezes que possam estar no jardim). Os dejetos dos gatos devem ser limpos diariamente (como foi referido, os oocistos necessitam estar mais que um dia no meio ambiente para esporularem, pelo que se as fezes forem limpas todos os dias essa esporulação não irá ocorrer). Preferencialmente, a limpeza da caixa de areia não deve ser feita pela grávida. As grávidas devem ainda ter especial atenção na limpeza e desinfeção das mãos.

Acima de tudo, as grávidas e familiares que convivem com gatos não devem entrar em pânico e devem sempre aconselhar-se com o seu médico mas também com o seu médico-veterinário, para procurar o melhor aconselhamento na prevenção desta doença.

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