quarta-feira, 3 de agosto de 2016

ONICOMICOSE, QUEM CUIDA SEMPRE ALCANÇA

VERA PINTO
Onicomicose! Mas que grande palavrão, concordam? Para nos ajudar a descobrir do que se trata vamos verificar a origem da palavra: em latim onyx significa unha, e mykes, significa fungo. Agora acredito que ficou fácil desvendar este mistério, certo? Nem mais, onicomicose é o termo médico que utilizamos para designar as infecções fúngicas das unhas. Estas afectam 27% da população na Europa, representam um terço das infecções fúngicas da pele e aproximadamente 50% de todas as patologias da pele. Os doentes com onicomicoses têm muitas vezes relutância na procura de ajuda, visto que ficam embaraçados com o aspecto inestético das suas unhas. Muitos são também os doentes que pensam que é um mero problema cosmético, desconhecendo que as onicomicoses podem ser consequência de um problema mais grave de saúde (diabetes mellitus, psoríase, problemas circulatórios, etc.). A diminuição da circulação sanguínea periférica associada ao envelhecimento, o aumento do tempo de exposição potencial a fungos, a transpiração excessiva (hiperudorese) e o crescimento mais lento das unhas aumenta a susceptibilidade para o desenvolvimento das onicomicoses. Em associação aos factores intrínsecos existem também alguns factores externos que favorecem o aparecimento destas infecções ungueais. Os fungos desenvolvem-se em áreas húmidas, por isso, todas as circunstâncias que envolvam contacto com a água ou aumento da humidade local contribuem para o aumento do risco de infecção. Destes são exemplos a exposição contínua a água ou a detergentes que fragilizam a pele (trabalhos domésticos, profissionais da restauração, etc.), a elevada frequência a locais húmidos (piscinas, balneários, saunas, ginásios, etc.), o uso de calçado fechado e pouco arejado (sapatilhas, calçado de protecção, etc.) e a utilização de objectos contaminados (tapetes de banho, toalhas usadas, calçado, tesouras, corta-unhas, limas, etc.)

Na onicomicose os fungos alimentam-se da queratina, a principal proteína da unha. Os casos mais leves e comuns tendem a afectar a parte distal da unha, provocando alterações na sua cor (amarelada, esbranquiçada ou acastanhada). Contudo se não se tratar, a doença pode tornar-se mais grave e alastrar-se à matriz ungueal levando a total destruição da unha. Uma unha infectada representa um foco permanente de contágio para a pele e unhas vizinhas, assim como para familiares e pessoas com contacto próximo. A onicomicose é uma doença contagiosa, por isso o tratamento é fundamental para evitar o seu agravamento, extensão e contaminação de outras pessoas.

Para se obter sucesso no tratamento, o fungo deve ser totalmente eliminado da unha. Para que isso ocorra, a unha contaminada deve ser totalmente substituída por uma unha saudável, livre do fungo. Este é um processo moroso, visto que o crescimento da unha se faz de uma forma muito lenta: 6 meses para as unhas das mãos e cerca de 12 meses para as unhas dos pés. Estas características fazem da onicomicose uma doença de tratamento complicado, pois exige paciência e perseverança no uso da medicação. O segredo é não desistir, pois quem cuida e se preocupa acaba sempre por alcançar resultados positivos. Em casos específicos, ou quando a matriz da unha esta afectada, pode ser necessário recorrer a um tratamento por via oral. A par da medicação existem uma série de medidas não farmacológicas que facilitam a sua erradicação e previnem o seu reaparecimento. Manter as unhas curtas, secas e limpas; usar meias e sapatos que permitam um bom arejamento dos pés; usar luvas de borracha para proteger as mãos da exposição excessiva a água e detergentes; evitar andar descalço em locais públicos e assegurar a correcta higiene dos utensílios de estética. 

Nós, farmacêuticos ao alertarmos para este tipo de cuidados, ao promovermos o uso racional dos medicamentos e a adesão à terapêutica contribuímos fortemente para as possibilidades de cura, diminuição das resistências aos tratamentos e melhoria da saúde pública. Aqui reside a nossa luta diária e, consequentemente a particular satisfação inerente ao “um muito obrigada pela sua ajuda”.

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