segunda-feira, 23 de maio de 2016

ESTERILIZAÇÃO: SIM OU NÃO?


DANIELA MOREIRA
A esterilização, vulgarmente designada por castração, é um procedimento médico realizado com relativa frequência nos animais de estimação e consiste na remoção cirúrgica dos órgãos reprodutores. No caso das fêmeas, são removidos o útero e ovários (ovarihisterectomia) e, no caso dos machos, procede-se à remoção dos testículos (orquiectomia).

A decisão de esterilizar ou não o animal de estimação deverá ser tomada pelo proprietário, mas este deverá sempre procurar aconselhamento médico-veterinário, uma vez que são ainda muitos os mitos e inverdades associados a este tipo de procedimento.

A esterilização traz diversas vantagens para a vida do animal e também para o proprietário. A altura ideal para a sua realização varia com a raça e espécie, devendo ser após o animal atingir a puberdade (aconselha-se a partir dos seis meses de idade).

A esterilização elimina, na totalidade, a ocorrência de cios nas cadelas e nas gatas. As fêmeas deixam de exibir o comportamento típico associado ao cio, nomeadamente as vocalizações excessivas e continuadas nas gatas (o que pode ser bastante incómodo para os donos quando as gatas vivem dentro de casa) ou a perda de sangue nas cadelas durante o período do cio. As cadelas e as gatas deixam ainda de atrair os machos. Evitam-se, deste modo, as ninhadas indesejadas o que contribuí, consequentemente, para a dimuição da taxa de abandono e também para o controlo populacional dos animais errantes.

Verificam-se ainda mudanças comportamentais que se revelam, na sua maioria, benéficas. De uma forma geral, os animais ficam mais calmos, tendem a fugir menos de casa e, consequentemente, ficam menos expostos aos riscos que existem no exterior (risco de se perderem, serem atropelados, andarem em lutas com outros animais, etc.). No caso particular dos gatos, estes tendem também a diminuir o comportamento de marcação territorial com urina dentro de casa, o que se verifica com maior incidência nos animais que são castrados mais cedo e, portanto, nunca adquiriram esse hábito.

A esterilização elimina na totalidade o risco de desenvolvimento de doenças uterinas e ováricas (tumores ováricos e/ou uterinos, piómetra, doença ovárica quística, etc.), bem como doenças prostáticas e testiculares. Se realizada numa fase precoce (antes ou imediatamente após o primeiro cio), diminui numa grande percentagem o risco de desenvolvimento de neoplasia mamária, tanto em gatas como nas cadelas.

Apesar das óbvias vantagens, há ainda muitas dúvidas e alguns mitos associados a este prcedimento.

Por exemplo, alguns proprietários acreditam que é bom que a cadela ou gata tenha uma ninhada antes de ser esterilizada; contudo, não há qualquer razão médica para esperar que a fêmea tenha uma ninhada e só depois realizar a cirurgia. A esterilização precoce, ao primeiro cio, é ainda mais vantajosa que uma esterilização muito tardia.

Outro mito frequente é que a esterilização altera a personalidade do animal; tal não é, de todo, verdade. A personalidade do animal mantém-se inalterada. Os cães e os gatos não terão nenhuma reacção emocional ou perda de identidade após a castração. Pelo contrário, os machos não castrados que estão, por exemplo, perto de fêmeas em cio, estao sujeitos a níveis de stress muito altos, e isso sim, poderá deixá-los mais inquietos e nervosos.

Muitos proprietários acreditam que o seu animal, se for esterilizado, irá aumentar drasticamente de peso. De facto, após a esterilização, é fundamental adequar o alimento que o animal ingere à sua nova condição. Deverá ser uma ração adaptada às necessidades energéticas e metabólicas do animal e deverão ser cumpridas as quantidades de alimento ingeridas. O exercicio físico moderado e adequado é tambem importante. Se estes parâmetros forem respeitados, o animal esterilizado poderá perfeitamente manter o seu peso ideal.

Há pílulas anticoncepcionais que poderão ser administradas às gatas e às cadelas, em alternativa à cirurgia. O seu uso, no entanto, está totalmente contraindicado, porque trazem demasiados problemas de saúde, a longo prazo. Promovem o desenvolvimento de tumores mamários (que, nas gatas, são maioritariamente malignos e de mau prognóstico), e também propiciam o aparecimento de infecções uterinas.

O principal objectivo da esterilização nos animais de companhia é, de facto, proporcionar-lhes mais saúde e maior longevidade. Os benefícios são óbvios, não só para os animais, mas também para os proprietários, que devem procurar informação em fontes fidedignas (e o médico veterinário será sempre a melhor opção), e não tomar decisões baseadas em mitos infundados."

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