quarta-feira, 18 de maio de 2016

A QUESTÃO CULTURAL É O MAIOR DESAFIO PARA A INCLUSÃO

MÁRCIA PINTO 
É indiscutível a importância da contratação de profissionais com deficiência para a economia. Além de gerar emprego, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho contribui para trazer dignidade a essas pessoas. Ao incluí-las, não estamos apenas a oferecer um salário, mas também a oportunidade de se reabilitarem social e psicologicamente.

Muitos estudos mostram que promover a diversidade no mercado de trabalho traz muitos benefícios para as empresas. Pessoas com formações diferentes, com visões diferentes sobre os mesmos problemas, com origens, idades, orientações políticas e religiosas diferentes, reunidas no mesmo ambiente proporcionam uma visão mais abrangente e promovem a criatividade e a inovação.

Assim, num grupo heterogéneo, a troca de experiências e opiniões enriquece todos os indivíduos. Por este motivo, as empresas devem cultivar a diversidade como uma estratégia para ampliar a sua visão global da sociedade em que estão.

Neste sentido, as barreiras para a inclusão de deficientes talvez estejam mais nas nossas cabeças do que na realidade em questão. Como durante muito tempo os deficientes eram segregados, a sociedade acabou por vincar os seus preconceitos e nós acostumamo-nos a mantê-los sempre isolados.

No entanto, as empresas precisam fazer algumas adaptações para receber estas pessoas. Em geral, são necessárias algumas adaptações físicas: instalações de rampas, de casas de banho adaptadas para cadeiras de rodas, de sinais sonoros e instruções em Braille para deficientes visuais.

Contudo, as maiores adaptações estão relacionadas com questões comportamentais: a verdade é que não sabemos lidar com as diferenças, não tivemos oportunidade, na infância, de conviver com pessoas deficientes e, por tudo isso, temos uma enorme resistência a esta ideia.

Deste modo, observamos que a maior barreira para a inclusão de profissionais com deficiência ainda é cultural. Ou seja, as relações interpessoais ainda estão muito vincadas com estereótipos e preconceitos. Além disso, as vagas que são oferecidas às pessoas com deficiência ainda são muito operacionais e pouco atrativas. Os gestores das empresas ainda não colocam a hipótese de incluir profissionais com deficiência em cargos mais estratégicos, pois continuam a achar que estes profissionais são menos produtivos ou geram mais custos com a acessibilidade, o que não é verdade.

Desta forma, enquanto não transformarmos a mentalidade antiga de que as pessoas com deficiência são menos qualificadas, menos produtivas e que exigem muitos investimentos, não daremos um salto de qualidade no processo de inclusão. Dessa forma, não é exagero afirmar que a questão cultural ainda é o maior desafio.

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