terça-feira, 5 de abril de 2016

PORTUGALIDADES

RUI CANOSSA
Escrevo este artigo depois de ter ido uns dias para Itália. Como é bom viajar. É a única felicidade que se pode comprar. É conhecer outras culturas e no fim voltar. Como é bom voltar. Costumo dizer que sou um cidadão do mundo mas voltar para o meu Portugal… Não há país igual.

Há dias voltei a dar uma leitura pelo livro “ Os Maias”, o tal que tantos jovens estão a ler agora para os exames nacionais, e é engraçado como damos mais valor aquilo que temos passados uns tempos, neste caso anos, e a dar valor aquilo que somos. Voltando aos “Maias”. No jantar do Cohen, o volume de pessimismo inerente ao facto de sermos portugueses aumenta à medida que são servidos mais pratos (petit pois a la belle Cohen) e é então que o Ega, já com os copos diz: “Portugal o que precisa é de uma invasão espanhola”. Meu caro Eça, ou Ega, como preferirem, a invasão espanhola já chegou há tanto tempo! Primeiro foram as gasolineiras, depois as marcas de roupa que dominam andares inteiros de shoppings e a mais subtil é a aquisição dos bancos portugueses pelos bancos espanhóis. Estamos na iminência de o BPI ter mais participação espanhola e o Totta já é Santander há muito.

Mas, afinal o que é português? Há coisas que não podem comprar! Voltando aos poetas, Fernando Pessoa dizia que a nossa língua é a nossa pátria. Mas há mais. Portugal é um país onde os jovens e os mais velhos conversam. O estatuto do avô é altíssimo na nossa sociedade. Depois temos a comida e o seu lugar central na vida diária, não uma mísera sandes comida à pressa, mas uma refeição quente comida acompanhada por um bom vinho e em companhia, normalmente e novamente, a família. No fim da refeição ir até ao café, ao nosso café, simples, acolhedor e agradável onde todos conhecem o nosso nome. E as paisagens? Até hoje não encontrei outro país com uma diversidade tão grande e possível de visitar num só dia. Portugal é um país tolerante, principalmente com os imigrantes. Não é ao acaso que as Nações Unidas consideram Portugal como um dos mais tolerantes do mundo. E ao mesmo tempo o nosso espírito de independência. De facto, peguem num mapa, não parece estranho que apesar da invasão espanhola continuemos independentes? Independentes e curiosos. Nós adoramos o conhecimento do mundo, a influência de lá é evidente cá, na comida, nas artes, nos gadgets eletrónicos que adoramos exibir. Portugal é um lugar ligado ao mundo. E sabem o que eu penso também dos portugueses? Que o dinheiro não é o mais importante. As coisas simples e boas não são caras. 

Sair da praia ao fim do dia e comer um peixe grelhado acompanhado pelos amigos, pela família ou pela namorada. Não há nada melhor. Desculpem lá se desta vez não falo muito de economia mas do meu país. 

Apetecia-me. 

Despeço-me com o exemplo dos amigos do Cohen terminando a contemplação do nosso país não de uma forma miserabilista mas com brindes e abraços. Cá à nossa!

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