quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

SARA MAGALHÃES
Segundo a Igreja Católica “tudo que existe sobre a terra deve ser ordenado em função da humanidade, como seu centro e o seu termo: neste ponto existe um acordo quase geral entre crentes e não-crentes.”

Mas o que é o Homem (humanidade)?

Ele próprio já formulou, e continua a formular, acerca de si mesmo, inúmeras opiniões, diferentes entre si e até contraditórias. Segundo estas, muitas vezes se exalta até se constituir norma absoluta, outras se abate até ao desespero. Daí as suas dúvidas e angústias. Cada Homem permanece para si mesmo uma interrogação insolúvel, apenas confusamente pressentida. Ninguém pode, na verdade, evitar inteiramente, as questões sobre a sua existência em certos momentos, e sobretudo nos acontecimentos mais importantes e nos momentos limite da sua vida.

Mas o Homem, possuidor de razão pensa e supera, pela sua inteligência, o Universo e reflete profundamente sobre si mesmo e faz, a sua procura, tentando encontrar respostas.

Exercitando incansavelmente, no decurso dos séculos, o seu talento, conseguiu grandes progressos nas ciências empíricas, nas técnicas e nas artes. Nos nossos dias, alcançou notáveis sucessos, sobretudo na investigação e na tecnologia. Mas buscou sempre, e encontrou, uma verdade mais profunda. Porque a inteligência não se limita ao domínio dos fenómenos. A verdadeira natureza intelectual da pessoa humana realiza-se e aperfeiçoa-se na Sabedoria, que suavemente atrai o espírito do Homem à investigação e Amor da Verdade e do Bem. Só assim é possível que se humanizem todas e novas descobertas dos homens.

Esta procura/encontro do Amor, da Verdade e do Bem só se realiza na/pela Liberdade. A humanidade, aprecia grandemente e procura com ardor esta Liberdade, e com toda a razão e direito. Mas sabemos que também fomentam-na dum modo condenável, como se ela apenas consistisse na licença de fazer seja o que for, mesmo o mal, contando que agrade. Acredito, incessantemente que a liberdade humana deve avançar para o seu verdadeiro fim e propósito que é a livre escolha do Bem e do Amor.

Pela sua interioridade, a humanidade transcende o universo das coisas: tal é o conhecimento profundo que ela alcança quando reentra no seu interior e reconhece a sua Dignidade pelo simples fato de que existe. Deste modo, a mesma humanidade pode escolher o seu próprio destino, reconhecendo que a sua existência é, em verdade, uma existência com sentido absoluto.

Hoje, 10 de Dezembro, dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos, relembro-me de todas as pessoas que foram privadas deste Amor e Bem Maior e que não puderam alcançar para si mesmas a realização da sua própria existência.

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