quinta-feira, 28 de novembro de 2013

LUÍS MENDONÇA: “(...) ENQUANTO JORNALISTA, TIVE QUE SER SEMPRE O MESMO, EM QUALQUER SITUAÇÃO.”

Luís Mendonça na palestra Ser Profissional de Comunicação
 Além-Fronteiras: Que desafios?
UTAD  
Diz o povo que o homem é o reflexo do seu trabalho. Luís Alberto Loureiro Mendonça é, então, o reflexo de uma vida dedicada ao jornalismo. Com 50 anos de idade, o seu percurso profissional já se cruzou com a Agência Lusa, com a SIC, com a TSF e com a Voz de Trás-os-Montes.
Participou e organizou um sem número de atividades relacionadas com a área do jornalismo. Foi repórter no Kosovo em julho de 2000 e em Timor em janeiro de 2004. Venceu o Prémio Europeu de Jornalismo em 2009, na categoria de Rádio. Prémio, esse, atribuído pelo Parlamento Europeu à sua reportagem: “Um dia com a eurodeputada Elisa Ferreira”
Atualmente é diretor da Universidade FM, tesoureiro da direção da Rádio Universidade Marão, Vice- Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Radiodifusão, Secretário da Mesa da Assembleia Geral da Federação Portuguesa das Rádios Privadas.
A BIRD MAGAZINE foi conhecer um pouco melhor este profissional. Depois da sua participação na palestra Ser Profissional da Comunicação Além-Fronteiras: Que desafios? Que teve lugar na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), na passada semana.

Daniela Pereira (DP): O seu percurso conta com experiência no jornalismo regional e no jornalismo nacional e internacional. Pode-nos descrever as principais disparidades que encontrou entre eles?

Luís Mendonça (LM): Aquilo que aprendi em todos as experiências que vivi demonstrou-me que enquanto jornalista, tive que ser sempre o mesmo, em qualquer situação, sempre munido das melhores ferramentas que adquiri ao longo do tempo de aprendizagem e de profissão.

DP: Foi repórter no Kosovo em 2000 e em Timor em 2001, como é que descreve essas experiências? Quais foram as maiores dificuldades? Voltava a repetir?

LM: As experiências foram extraordinárias porque estava em contacto diário com o trabalho dos militares portugueses, e acompanhava de perto todo o seu trabalho. Como é fácil de perceber, em Timor senti-me mais realizado, pelo facto de ser mais fácil comunicar com os locais (os mais velhos ainda falavam português) e porque os timorenses mostravam um carinho especial pelos portugueses.
A maior dificuldade foi a forma como estava integrado, dentro de uma organização, NATO, no caso do Kosovo e ONU, no caso de Timor, que de certa forma condicionavam o trabalho. De qualquer forma fui para estes dois cenários sabendo que iria estar sempre integrado nessas duas organizações. Na realidade, enquanto jornalista de um meio de comunicação social local, ou regional, não tinha outra possibilidade que não esta, de poder ter este contacto. Nos dois casos, fui com a tropa portuguesa para os dois cenários e com eles vivi enquanto lá estive.
Gostava de poder regressar principalmente a Timor, para poder ver as diferenças que encontrava.

DP: No seu curriculum podemos verificar que realizou um curso de segurança e defesa para jornalistas, em que medida é que sentiu que esse curso era importante para o desempenho da sua profissão?

LM: Para mim, que fui militar e que já tinha vivenciado estas duas situações em palcos de conflitos armados, o curso foi muito interessante, porque me deu mais ferramentas de organização do nosso país nestas áreas, mas parece-me que de uma forma geral, o curso fazia bem a qualquer tipo de jornalista, porque nos enriquece muito, permite-nos perceber melhor como é que Portugal está organizado em questões de defesa e segurança.
   
DP: Como profissional, como é que vê o futuro do jornalismo?

LM: O jornalismo parece estar a viver uma nova fase, já passou por muitas e foi-se sempre adaptando, desde o jornalismo escrito, ao radiofónico, passando pelo televisivo e pelo que se faz através da internet.
Até hoje, o modelo de sociedade que melhor nos tem servido é a democracia e esse é composto por três poderes, que são escrutinados pela comunicação social - tantas vezes conhecida como o quarto poder – enquanto assim vivermos, o jornalismo e os meios de comunicação social fazem parte integrante das nossas democracias, e vão por isso continuar a exercer o seu papel fundamental no desenvolvimento das sociedades.   

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